© Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Medida seria
melhor opção para salvar o mandato de deputado.
Uma expressão que vem sendo utilizada com frequência por
políticos em Brasília diz que os melhores aliados acompanham seus pares
alvejados por todo o cortejo fúnebre até chegar à cova, mas jamais pulam juntos
dentro do túmulo. É com esse pensamento que pessoas do círculo mais próximo ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vêm conversando nos últimos dias
sobre a melhor forma de levar ao peemedebista o alerta de que ele deve, para o
bem de todos, construir uma “saída alternativa” para evitar a cassação do seu
mandato no Conselho de Ética.
Eles voltaram a defender que Cunha se afaste da presidência
da Casa para tentar preservar seu mandato e ser julgado no colegiado “apenas
como mais um deputado”, já que existem dezenas de outros também investigados no
esquema de corrupção da Petrobras e que sequer foram denunciados. A chamada
“solução Renan”, uma referência ao presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) que, em 2007, renunciou ao cargo para evitar uma cassação, foi
levantada há algum tempo como a melhor opção para Cunha, mas sua reação frontal
desencorajou os aliados a insistirem na tese naquele momento.
Agora que Cunha perdeu o benefício da dúvida ao apresentar
uma defesa por muitos considerada capenga, a alternativa voltou a ganhar força.
Ela cresce à medida em que aumenta o incômodo entre aqueles que se sentem
desgastados e intimidados a continuar a apoiá-lo. Pontos da defesa que
apresentou à imprensa há cerca de duas semanas vêm sendo descontruídos com
novas revelações e o “timing” calculado pelos aliados para a abordagem deverá
ocorrer quando o peemedebista sofrer o próximo “baque”.
Um interlocutor próximo a Cunha diz que, se ele se afastar
da presidência, irá para a “vala comum”, junto a outros na mesma situação, o
que facilitaria um acordo de preservação. A prioridade, advogam, deve ser
manter o mandato que lhe proporciona foro privilegiado. Se perdê-lo, Cunha, sua
mulher, a jornalista Cláudia Cruz, e sua filha Danielle correm o risco de cair
nas mãos do juiz Sérgio Moro, que vem se mostrando implacável com os envolvidos
em corrupção.
Para outros menos otimistas, a esta altura do desenrolar dos
fatos, mesmo com a renúncia à presidência da Câmara não seria possível garantir
com segurança a salvação de Cunha no conselho.
— Vamos juntar algumas pessoas da relação mais próxima a ele
para dizer que a situação se deteriora cada vez mais e que ele precisa achar
uma alternativa. Se ele tivesse segurança que, renunciando à presidência, o
conselho o salvaria, seria mais fácil ele acatar nossa sugestão. Mas até isso
está difícil, porque todo dia ele perde um pouco mais de apoio e desgasta os
aliados — afirma um dos deputados que está à frente do processo de
convencimento.
A avaliação generalizada entre os “cunhistas” é que a
exposição que os aliados vêm sofrendo tem crescido. Vários dos líderes que
assinaram na semana passada nota de apoio, depois que o PSDB decidiu romper a
aliança com o peemedebista, dizem que as demonstrações de amizade se encerraram
naquele episódio. E destacam que o texto, chancelado por PMDB, PR, PP, PSD, PTB
e PSC, não é uma garantia de sustentação a qualquer preço, pois apenas pleiteia
o direito de defesa e a não interrupção dos trabalhos na Câmara.
— O apoio está ficando cada vez mais rarefeito, mas ele
parece que não quer perceber isso — diz outro político próximo a Cunha.
A certeza cada vez maior de que o processo por quebra de
decoro seguirá adiante e as cobranças nas bases eleitorais levaram esses
deputados a voltar a defender a “solução Renan”. Mesmo para os entusiastas do
impeachment, há a impressão de que o processo perde legitimidade se conduzido
por Cunha.
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