Ver Daniel Craig na tela como o maior espião de todos os tempos já não causa nenhuma surpresa. Afinal, já se vão dez anos desde que o ator inglês de 47 anos interpreta James Bond. E hoje, totalmente à vontade no papel recriado ao seu estilo, Craig apresenta Bond como um herói do século 21, com profundidade emocional para tramas que vão um pouco além das cenas de ação.
Daniel Craig fala sobre o novo 007 (Foto: Divulgação)
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Foi o que se viu em Operação Skyfall, o maior sucesso de bilheteria da franquia, com US$ 1,1 bilhão em todo o mundo. Não à toa Daniel Craig chega ao 24º filme da série, 007 Contra Spectre, cercado de expectativa do público. O segundo trailer do filme dirigido novamente por Sam Mendes, lançado no final de julho, teve mais de três mil visualizações por segundo nos seus primeiros dias online.
Ainda assim, Craig, como bom britânico, mantém cautela. “O excesso de confiança é o inimigo do cinema. Dizer: ‘Sim, nós temos um grande filme’, seria tolice. Mas com 007 Contra Spectre, eu creio que fizemos o melhor que podíamos”, diz o ator em entrevista cedida com exclusividade ao CORREIO pela Sony.
Onde 007 Contra Spectre vai se inserir no panteão dos filmes de Bond?
O excesso de confiança é o inimigo do cinema. Dizer, ‘sim, nós temos um grande filme’, seria tolice. Mas, com 007 Contra Spectre, eu creio que fizemos o melhor. E se considerarmos quem nós temos no filme e quem o dirigiu... É um grupo de pessoas especiais. Sam Mendes é ótimo com a escalação de elencos e introduziu Ben Whishaw nesses filmes, bem como Ralph Fiennes e Naomie Harris. Nós não poderíamos estar em melhores mãos do que com esses três. Eu tenho muita confiança no Sam. Se você não se empolgar por fazer um filme com essas pessoas, você não deveria estar fazendo isso!
Qual foi o desafio particular desse novo filme?
Todos os dias, nós olhávamos para o roteiro e dizíamos, ‘ok, isso é bom, podemos tornar isso melhor?’ A gente trabalha no roteiro no set com os demais atores, e vivíamos tentando melhorar as coisas o tempo todo.
Estes filmes recentes parecem mergulhar mais no passado de Bond, o que nunca foi realmente feito antes. Como você se sente com relação a isso?
Eu não estava bem certo, de início, mas estou muito satisfeito com a forma como as coisas saíram. Eu tive uma conversa com o Sam, que me disse: ‘Você estrelou Cassino e, em seguida, Quantum Of Solace, numa narrativa direta’. Então, quando surgiu 007 Operação Skyfall, nós pensamos: ‘O que mais aconteceu em seu passado?’ E isso realmente enriqueceu a história. Parecia certo continuar dali. A cada título, Bond é afetado por aquilo que veio antes, então, é bom explorar isso.
Seu James Bond é muito diferente daqueles que vieram antes. Presumivelmente, você teve um grande envolvimento nisso?
Eu sou um grande fã de James Bond. E quando eu fiz Cassino Royale, se me tivessem apresentado um roteiro contendo muitas e piadas, eu teria dito: ‘Não, eu posso fazer este filme, porque isso não é para mim. Eu não sei fazer isso’.
Você parece bastante envolvido em todos os aspectos da produção…
Eu disse para a Barbara (Broccoli, produtora), há dez anos, que eu precisava de confiança para entrar no set e fingir ser James Bond, porque eu não sou James Bond. Estou muito longe de ser ele. Mas se me fosse dada a confiança para ser uma parte daquilo tudo e para contribuir para a essência dos filmes, e se pudéssemos trabalhar em conjunto e colaborar, então, eu estava disposto a tentar. E eles foram receptivos. Eles me abriram seus braços. Acho que eles me ouviram e eu não poderia estar mais feliz com a forma como as coisas têm corrido.
Há um novo Aston Martin neste filme. O quanto você pôde guiá-lo?
Eu não sou James Bond e existem caras que são pilotos magníficos, pilotos brilhantes que chegam a me deixar com os olhos marejados, e eu seria um idiota se não os deixasse pilotar. Eles dirigem e eu apenas finjo. Sinto muito. Eu sei que isso pode ser uma coisa difícil de se ouvir, mas eu estou apenas atuando.
Há algum realismo no personagem…
Sim, e esse é o trabalho de um ator. O fato é que essa foi a maneira que eu fui ensinado a atuar e é a maneira como eu gosto de atuar. Se parece ser verdade, então está correto.
Você sente pressão para repetir o sucesso de bilheteria de Skyfall?
Na verdade, não, porque como você faz isso? Você estaria perseguindo o próprio rabo. O sucesso foi incrível, embora eu realmente não entenda o que esses números significam. Eles estão além da minha compreensão, mas é um problema altamente positivo. Tivemos grande sucesso com o último filme, então, tínhamos que tornar este ainda melhor, e esse, para mim, é o desafio. Essa é a melhor maneira de trabalhar - quando você se sente desafiado.
Como você se sente com relação ao personagem depois de interpretá-lo quatro vezes?
Como se fosse a minha primeira vez. Sam Mendes e eu chegávamos ao set e discutíamos: ‘Isso é o melhor que podemos fazer? É isso que nós queremos aqui?’ E para encarar esse desafio, eu tinha bloqueado todo o resto. Eu disse, ‘eu não estou lidando com quaisquer problemas de produção. Não estou lidando com qualquer outra coisa. Estou lidando somente com o que está acontecendo no set’, e foi um trabalho maravilhoso para um ator. Quando eu não estava no set e não estava trabalhando, eu simplesmente ficava ouvindo o meu iPod.
Monica Bellucci disse que se sentiu muito bem com você, porque você era um cavalheiro, e ela se sentia protegida. O que você fez para deixá-la à vontade?
Eu não sei. Ser um cavalheiro? Não é apenas respeito? Eu não tenho um livro de regras. Eu só acho que devemos nos respeitar uns aos outros no set. Ambos somos profissionais e ela é uma profissional consumada, é brilhante, linda. Nós devemos cuidar uns dos outros e proteger uns aos outros. Essa é a coisa mais importante. Eu amei trabalhar com ela e com Léa Seydoux, que também é uma atriz fenomenal.
O que você achou do desempenho de Christoph Waltz como o vilão?
Christoph é um ator de muito talento e nós tivemos sorte de tê-lo no filme. Eu acho que ele fez um trabalho maravilhoso. O papel é complicado, e eu realmente não posso falar muito sobre ele. Ele simplesmente fez um trabalho maravilhoso.
Diretor imerso no mundo de 007O diretor Sam Mendes, 50, gosta de variar as coisas. Abriu 007 Operação Skyfall com uma sequência de ação emocionante. Para a sequência de abertura de 007 Contra Spectre, fez outra coisa. “Queria o público bem no meio de um ambiente incrivelmente atmosférico, quente, empoeirado e excitante”, explica o cineasta inglês.
Escolheu a barulhenta celebração do Dia dos Mortos, na Cidade do México. “O que dizem sobre o Dia dos Mortos é que ‘os mortos estão vivos’. De forma temática, o filme é sobre isso. Espero que isso eleve a sequência a algo maior que espetacular”, diz.
Mendes enfatiza que a série não é só ação por ação: “Aí você acaba, simplesmente, se esforçando para ser maior e mais barulhento. O que eu quis fazer foi criar algo que tivesse atmosfera, beleza e escala”.
Por ter passado os últimos cinco anos mergulhado no universo de 007, o diretor criou conceitos próprios: “O trabalho do artista é tornar estranho o que é familiar e familiar o que é estranho. Acho essa frase perfeita para o trabalho com Bond, porque você não pode inventar coisas. Isso não é uma fantasia. Então, você precisa tornar o que é familiar, um pouco estranho...”.
Para manter a coisas no mundo real, Mendes procura fazer as cenas de efeitos com a câmera. Não que seja contra o uso de computação gráfica, mas prefere só para ampliar o que foi filmado. “As locações são essenciais. Nós poderíamos ter feito uma perseguição de avião com computação gráfica, por exemplo, mas a sensação de fazer as coisas de verdade é um dos motivos pelo qual gosto de fazer um filme, especialmente um de Bond”.
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