Sheila usava crack há dez anos e costumava ir à Gamboa consumir a droga; família tentou internamento
(Foto; Reprodução/Facebook) |
A travesti Sheila Santos, 36 anos, foi enterrada na tarde desta segunda-feira (27) no Cemitério Campo Santo, na Federação. Sheila foi assassinada com um tiro na cabeça na madrugada de domingo enquanto usava crack na Gamboa de Baixo. O irmão dela, Flávio Henrique Santos, 30 anos, que também estava no local, continua desaparecido. Outras duas pessoas ficaram feridas no ataque.
Amigos, vizinhos, familiares, líderes religiosos e representantes da comunidade LGBT estiveram presentes para prestar homenagem à Sheila, também conhecida como Neném. Ela era moradora do Calabar e trabalhava como empregada doméstica no bairro de Tancredo Neves. "Não tinha tristeza com ela. Tudo o que a gente pedia, ela fazia, ajudava. Não sabia dizer não a ninguém. Hoje eu não tô perdendo um amigo, tô perdendo um filho", disse uma vizinha e amiga que não quis se identificar.
A irmã Kátia Santos, 32, lamentou a perda. "A gente pensa que a família tá aumentando e tá é diminuindo. Meu irmão era tão feliz", disse ela, que teve bebê há um mês. A prima Joice Santos acredita que o crime foi motivado por transfobia. "Ele animava as paradas gays, era tão alegre, tão cheio de vida. Num dia tá dançando e no outro acontece isso", lamentou. No dia anterior ao ataque, Sheila participou de uma festa no Calabar, onde morava e aparece dançando num vídeo feito por amigos.
Segundo Joice, o irmão de Sheila já tinha sofrido uma tentativa de homicídio antes e Sheila também estava presente no momento, mas não soube informar como aconteceu. "Não adianta chamar a polícia, não fazem nada por nós", disse.
(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)
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CrimeUsuária de crack, Sheila foi morta na Gamboa de Baixo, um dos redutos do usuários de crack, com um tiro na cabeça, enquanto usava a droga. Mais duas pessoas ficaram feridas no ataque: Osvaldo de Jesus Tavares, 55, morador de Pero Vaz, foi baleado no pescoço e ombro, e Rosemar Linhares Cardoso, 38, que mora no Garcia, nas nádegas. Os dois foram socorridos para o Hospital Geral do Estado. Sheila morreu no local. O atirador estava num carro branco, que passou pelo local levando três homens. Um deles desceu, atirou contra um grupo de quatro pessoas e fugiu.
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo moradores da região, os disparos foram efetuados por um ex-morador da Gamboa, identificado como Geovane. Ele jurou vingança após ter sido expulso do local, há cerca de seis meses, por traficantes rivais. A irmã de Sheila, Cíntia Suzana Santos, 38, disse ainda que os irmãos e outras pessoas consumiam crack numa bifurcação que liga a Rua da Gamboa à Avenida Contorno, próximo à Boate Tropical. “Quem mora por lá, disse pra gente que todo mundo fazia uso da pedra quando os criminosos chegaram”, contou.
TransfobiaPresidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira acredita que o crime foi motivado por transfobia: “Ela não era ladra, tinha relações com a comunidade. Foi motivo fútil, transfobia. Não foi coisa do ‘movimento’. Foi maldade com pobre, preto, morador de rua e trans”. Com a morte de Sheila sobe para 19 o número de crimes contra LGBTs na Bahia, este ano.
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