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O esquema é sentir o gostinho da festa e voltar correndo pro trabalho

Como será que acordaram hoje os amigos Eduardo Valentim, 27 anos, Lilian Dias, 18, e Stephanie Nara, 21? Quer dizer... Se é que eles dormiram. No domingo (21), mal tinha dado 9h quando os três levantaram o primeiro anel de um latão de cerveja antes de entrar em um ônibus.
Os amigos  botaram o chapéu para fazer bonito na folia junina
(Foto: Marina Silva)
Era o início de uma odisseia no interior. Em um grupo de 100 pessoas, Eduardo, Lilian e Stephanie encararam quatro horas e meia até Amargosa, a 238 quilômetros de Salvador, para participar do Forró do Piu Piu e voltar para a “capitá” logo depois do fim da festa.
Uma viagem etílico-junina, praticamente sem descanso, que terminaria nesta madrugada, sabe-se lá que horas exatamente. É disposição pra mais de mil. Hoje, às 8h, a auxiliar administrativa Stephanie já deveria estar de pé. “Vou tentar tirar um cochilo na volta. O que não pode é deixar de curtir um pouco o São João, né?”. Como ela, centenas de pessoas vão fazer o mesmo.
Ao menos cinco ônibus saíram ontem da frente do Shopping da Bahia. Outros marcaram como ponto de encontro o Campo Grande e o Jardim dos Namorados. Além de Amargosa, tinham como destino cidades como Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus e Senhor do Bonfim.
Curtição no ônibus aquece a turma para forrozear em Amargosa(Foto: Marina Silva)
É o chamado esquema "bate e volta" para as chamadas festas de camisa ou fechadas. Todo São João, o serviço é utilizado por pessoas que querem ao menos sentir o gostinho da festa junina no interior e não têm tempo ou não têm família nessas cidades. Muitos vão também pela comodidade.
“Pra quem gosta de comer água é o ideal, broder. Não precisa se preocupar em dirigir depois. Vou curtir meu Weslei Safadão de boa”, explicou o vendedor Fernando Lima, 25 anos, ao lado do amigo, o policial militar Ronaldi Almeida, 26, que também pegaria no batente hoje cedo.
“Vou pegar leve. Primeiro porque trabalho amanhã (hoje) e segundo porque deixei minha mulher grávida em casa. Ela sabe que me amarro num forrozinho”, justificou Ronaldi. As empresas de turismo que trabalham com "bate e volta" comemoram o sucesso.
Os amigos Eduardo Valentim, Lilian Dias e Stephanie Nara entraram no clima logo cedo, abrindo a primeira cerveja às 9 horas (Foto: Marina Silva)
Os ônibus que pegavam o caminho da roça ontem estavam lotados. Amanhã também tem transporte para o Forroça, festa que acontece em Cruz das Almas. “Tudo cheio, mas estamos vendo ônibus extras para quem se interessar”, avisa Elielton Dias, proprietário da empresa Elitur.
A procura é grande e tem gente que vem de longe, como a turismóloga Fernanda Rodrigues, 27 anos, que mora em Goiás. A partir de Salvador, optou pelo "bate e volta" para Amargosa. “Vim atrás do São João e de Durval Lélis. Adoro!”. Um grupo de amigos chegou a confeccionar copos personalizados especialmente para participar do Forró do Lago, em Santo Antônio de Jesus.
“Somos mais organizados que a empresa de turismo. Afffff, esse ônibus não sai não?”, perguntou apressada a autônoma Érica Nunes.

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