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Charles assumiu, ganhou duas seguidas e virou salvador da pátria. Foi como se todos os problemas do Bahia tivessem se resumido a um só – Sérgio Soares, o antecessor do bicampeão brasileiro. Sábado, Charles perdeu a primeira e muitas das pessoas que o exaltaram e exigiram a efetivação dele antes passaram a questionar a capacidade do treinador. Infelizmente, no futebol e na vida, existem a incoerência e a injustiça. Tento evitá-las.

Depois da derrota para o Botafogo no sábado, por 1x0, todos os tricolores que encontrei na rua atribuíam a culpa da derrota pela opção de Roger como titular, no lugar de Maxi. Teve gente que chegou a dizer que a escolha teria sido motivada por rusgas de Charles com o gringo, resquícios da efetivação anterior do técnico, no fim do ano passado. Bobagem. A escolha foi tática.

Entrando com Roger, Charles deslocou Kieza para atuar aberto pela esquerda, onde K9 costuma ir bem. A intenção era explorar as costas do lateral Luís Ricardo, que marca mal e apoia muito, e inibir esses avanços, umas das principais armas do líder do campeonato. A função de Kieza pedia alguém como referência na área para finalizar as jogadas que o artilheiro do Bahia preparasse. As características de Roger, centroavante nato, combinavam mais com a estratégia que as de Maxi. O argentino rende mais entrando na área em velocidade, vindo de trás, e não tem porte para jogar fixo.

Kieza só tentou a jogada imaginada por Charles uma vez. Ganhou de Luís, foi na linha de fundo e cruzou mal. A escolha de Charles deu errado, mas podia ter dado certo. Não condeno o treinador. É do jogo.

Roger e Kieza foram pouco acionados porque o meio de campo jogou muito mal. Sem a bola, tinha extrema dificuldade para acompanhar as rápidas jogadas do ataque alvinegro e deixava a zaga exposta. Com a bola, Paulinho Dias, Souza, Tiago Real e Eduardo não produziam absolutamente nada.

Charles percebeu e propôs uma solução no intervalo. Tirou Roger, reconduziu Kieza à referência no ataque e colocou João Paulo Penha. O meio passou a ter um jogador a mais. O objetivo era fortalecer a marcação e inibir os avanços de Luís Ricardo – João entrou para acompanhá-lo. Charles pensou também ganhar uma rápida saída para o contragolpe. Não aconteceu uma coisa nem outra.

O Bahia voltou a pagar pela falta de qualificação do elenco. Que outra opção de velocidade para cumprir a função Charles tinha no banco, além de João Paulo? Nenhuma. Na véspera do jogo, Evaristo de Macedo foi visitar Charles na concentração. Trabalhei com o mestre entre 2000 e 2002. Não me esqueço de uma frase dele: “O mau de contratar jogador ruim é que, mais cedo ou mais tarde, você precisa colocar ele pra jogar”. No sábado, Charles deve ter se lembrado disso.

Muitos tricolores que encontrei também questionaram a titularidade de Railan, mal no Nilton Santos. Respondi a eles com outra pergunta: você prefere Cicinho?

O Bahia faz uma campanha ruim, mesmo num campeonato de nível sofrível, porque contratou mal. Faltam cinco rodadas para a Série B acabar e ainda não há a definição de um time titular, depois de 22 contratações. Apesar dos pesares, a situação para subir ainda é favorável. O Bahia depende das próprias forças e fará a maioria dos jogos que restam em casa. Mais uma vez, a nação tricolor vai ser decisiva pro time superar suas inquestionáveis limitações e voltar à Série A. Eu acredito, na torcida.
Acomodação  
A última rodada sepultou a esperança de título pro Vitória. As três últimas rodadas mostraram que o time se acomodou antes da hora. A vantagem para o quinto caiu pra quatro pontos e pode ser de apenas um se o rubro-negro voltar a fracassar contra o Macaé, sábado. Alguém precisa avisar ao elenco rubro-negro que a Série B ainda não acabou.

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