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Ele é o primeiro presidente americano a pisar o solo cubano em 88 anos. Poucas horas antes de sua chegada a Havana, dezenas de opositores e ativistas das Damas de Branco foram detidos



O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, abriu sua visita a Cuba dizendo que a passagem pela ilha é uma "oportunidade histórica" e demonstrando disposição para forjar laços com o ex-adversário. "É maravilhoso estar aqui", afirmou Obama. O presidente americano desembarcou em Havana neste domingo para uma visita histórica que pretende selar a reaproximação que ele e o ditador cubano, Raúl Castro, acordaram em dezembro de 2014, depois de dezoito meses de negociações secretas.
Empunhando um guarda-chuva em uma tarde chuvosa em Havana, o presidente dos EUA desceu do avião Air Force 1 e foi recebido por altos funcionários cubanos, mas não por Raúl Castro. O líder cubano frequentemente recepciona importantes figuras mundiais na chegada ao Aeroporto Internacional José Martí, mas não o fez desta vez. Em vez disso, Castro planeja cumprimentar Obama na segunda-feira no Palácio da Revolução.
A primeira parada de Obama foi um hotel de Havana, onde cumprimentou funcionários da Embaixada dos EUA e suas famílias e salientou a natureza histórica de sua visita - a primeira de um presidente dos EUA no cargo desde 1928, quando Calvin Coolidge chegou à ilha em um navio de guerra. "Esta é uma visita histórica, e é uma oportunidade histórica de interagir com o povo cubano", disse Obama, junto da primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, e das filhas, Sasha e Malia. Dezenas de parlamentares e líderes empresariais dos EUA chegaram à ilha para acompanhar a visita de Obama. Uma das primeiras atividades do presidente americano foi um passeio por Havana Velha, o centro histórico da capital da ilha.
A ausência de Castro no desembarque de Obama despertou críticas do pré-candidato à Presidência dos EUA pelo Partido Republicano Donald Trump. "Uau, o presidente Obama acaba de desembarcar em Cuba, um grande acontecimento, e Raúl Castro nem estava lá para cumprimentá-lo. Ele cumprimentou o Papa e outros. Nenhum respeito", disse Trump, em sua conta no Twitter. O rival do magnata na disputa pela indicação republicana, o senador texano Ted Cruz, não deixou por menos. Filho de pai cubano, Cruz disse que é "tão triste, e tão injurioso para nosso futuro e para o futuro de Cuba que Obama tenha escolhido legitimar o regime corrupto e opressivo dos Castro com sua visita ao país".
Obama partiu da Base Aérea de Andrews, perto de Washington, ao lado da família e uma pequena delegação política às 13h32 (horário local - 14h32 em Brasília) e pousou em solo cubano cerca de três horas depois.Junto a Obama e sua família viajam a líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, deputada Nancy Pelosi, os senadores democratas Patrick Leahy e Dick Durbin e o republicano Jeff Flake. Uma delegação mais ampla de líderes políticos e empresariais viaja separadamente. Acompanhado de sua esposa Michelle, suas filhas Sasha e Malia e sua sogra, Marian Robinson, Obama cumprirá uma longa agenda de compromissos até terça-feira. Ele é o primeiro presidente americano a pisar o solo cubano em 88 anos.
Prisões - Poucas horas antes da chegada de Obama, dezenas de opositores e ativistas das Damas de Branco foram detidos e levados em ônibus por agentes do estado. Os manifestantes estavam perto de uma igreja protestando por direitos humanos, quando foram abordados por agentes oficiais e grupos governistas. Entre os detidos estão Danilo Maldonado e Berta Soler, líder das Damas de Branco, como são conhecidas as mulheres que vão à missa todos os domingos vestidas de branco em protesto contra a detenção de parentes por motivos políticos.
Mudanças - Após mais de meio século de antagonismo entre os dois vizinhos, Obama redefiniu as relações com Cuba nos últimos quinze meses, e a ilha caribenha está mudando - mas seus dirigentes comunistas receiam ir rápido demais. Havana observou um aumento no número de visitantes americanos de 77% em 2015, enchendo hotéis e restaurantes que desde então têm ficado lotados. Nesta semana, Obama promulgou regras abrangentes para incentivar ainda mais as viagens e os negócios com o país caribenho. Foi a quinta vez que ele recorreu a seus poderes executivos para fortalecer os laços com Cuba, passando ao largo do Congresso de maioria republicana, que continua se recusando a cancelar o embargo econômico de 54 anos contra a ilha.
Contudo, algumas mudanças do lado cubano ainda podem demorar. O governo cubano descartou taxativamente a implantação de reformas e aberturas internas e advertiu que ainda persistem sérias divergências nas relações recém-restabelecidas com os Estados Unidos. "Em nossa relação com os Estados Unidos não está na mesa de negociações, de modo algum, a realização de mudanças internas em Cuba, que são e serão da exclusiva soberania do nosso povo", garantiu o ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, em declarações pela televisão na última quinta-feira.
Ritmo lento - O americano Saul Berenthal esperou décadas por uma chance de fazer negócios em Cuba. Mas, apesar dos avanços nas relações, ele terá de aguardar um pouco mais. Berenthal e seu parceiro comercial Horace Clemmons, do Estado do Alabama, estão perto de se tornarem os primeiros empresários dos EUA a abrir uma empresa em Cuba graças a seu plano de construir tratores de baixo custo para fazendas cubanas. Seu projeto tem o aval dos EUA, e o governo da ilha comunista deu sinais positivos a respeito da fábrica pretendida, mas ainda não concedeu sua permissão. "É um pouco um teste de lealdade", disse Berenthal, que nasceu em Cuba em 1944 e foi para os EUA em 1960, um ano após a revolução de Fidel Castro.
Diante da resistência do regime ditatorial cubano em abrir sua economia, permitir mais liberdades civis e políticas à população, a Casa Branca - desagradando Havana - confirmou que Obama irá se encontrar com dissidentes políticos que são perseguidos pelo governo. Certamente, o encontro será um dos pontos altos da visita do presidente americano à ilha dos irmãos Castro.
A visita - O chefe de Estado americano fará um discurso na terça-feira no Grande Teatro de Havana e o pronunciamento será transmitido ao vivo pela TV aos cubanos. Obama seguirá na terça-feira para a Argentina, onde anunciará a "desclassificação" de documentos sigilosos sobre o papel dos Estados Unidos durante a ditadura argentina (1976-1983), incluindo, pela primeira vez, arquivos militares.
(Revista Veja)

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