Sentados em um banco, de mãos dadas, a contemplar o mar de Salvador. Jorge Amado e Zélia Gattai no Largo da Dinha, no Rio Vermelho. A caminhar pelo bairro você chegará à Rua Alagoinhas e com certeza o número 33 vai ser fácil de encontrar. Se por algum acaso você se perder, pode perguntar para alguém na rua, ele saberá te dizer onde fica a famosa Casa do Rio Vermelho, onde o escritor e sua mulher viveram por 37 anos. A casa será aberta ao público nesta sexta-feira (7), totalmente reformada como a Fundação Casa de Jorge Amado. O acervo é histórico e afetivo, formado por objetos e materiais, que mostram a trajetória literária de Jorge e Zélia, e ainda itens pessoais, coleções e lembranças do casal da família.
O museu é um dos poucos locais a preservar a memória de escritores brasileiros. Fechada em 2003, depois da morte de Jorge Amado, em 2001, a casa é uma preciosidade. Sua história desde a compra é fruto dos livros do autor. A casa do Rio Vermelho foi comprada com o dinheiro da venda dos direitos autorais de "Gabriela, Cravo e Canela" para os estúdios MGM em 1960. Foi lá que Dona Flor foi criada cozinheira de mão cheia e com seus dois maridos. Além deste famoso livro, outros personagens ganharam vida na residência.
A casa que o visitante irá encontrar a partir desta sexta-feira foi transformada em um centro cultural high-tech pelo arquiteto Gringo Cardia, que aproveitou a estrutura original do imóvel e os objetos guardados pela família e transformou cada cômodo numa chance de "viver a experiência Jorge Amado". Uma grande novidade é o conjunto de 41 leituras em vídeo de trechos das obras escritas por Amado. Esses vídeos serão expostos em tela de cinema, na Sala das Leituras, ao lado da biblioteca. A narração conta com vozes de artistas como Ivete Sangalo, Caetano Veloso, Sônia Braga, Daniela Mercury, entre outros.
A obra para reabertura da casa contou com investimento de R$ 6 milhões da Prefeitura de Salvador. A partir de sua abertura, o museu se tornará autossustentável e por isso será cobrada uma taxa de visitação de R$ 20 (inteira). A cerimônia de reabertura da Casa do Rio Vermelho como memorial será comandada pelo prefeito ACM Neto. Estarão presentes pessoas que contribuíram com este projeto, como Artur Guimarães Sampaio, presidente do Conselho da Fundação Casa de Jorge Amado; Myriam Fraga, diretora da instituição, e Paulo Miguez, vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), economista e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, que coordenou a equipe de pesquisadores, além de familiares, amigos e a imprensa.
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