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Em meio a crise, seis grandes setores da indústria nacional preveem cortes em 2016. Número de demissões é puxado pelo segmento da construção civil



Construção civil deve eliminar 500 mil postos de trabalho em 2015(Reinaldo Canato/VEJA)
Em meio a uma das piores crises da história, seis grandes setores da indústria nacional preveem que mais de 610 mil vagas de emprego serão fechadas neste ano. O número é puxado pelos trabalhadores da construção civil, segmento que deve eliminar 500 mil postos de trabalho. No ano passado, esses seis setores - construção, máquinas, siderurgia, automóveis, química e eletroeletrônicos - demitiram 200 mil pessoas. "Começamos o ano com 3 milhões de empregados e fecharemos com 2,5 milhões. É realmente inacreditável o que estamos vivendo hoje, e o governo continua sem atacar os problemas reais, que são os gastos públicos", diz disse José Carlos Martins, presidente Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
O setor de máquinas, que depende fundamentalmente das obras da construção civil, já acusou o golpe. Mais de 25 mil vagas foram fechadas no primeiro semestre e outros 25 mil cortes estão a caminho até dezembro, carimbando 2015 como o pior ano na história para as empresas do segmento.
Sem obras ou máquinas, não há o que fazer na siderurgia, que já adiou 2,1 bilhões de dólares em investimentos neste ano e desativou vinte unidades produtivas país afora. O resultado foi a demissão de 11,2 mil funcionários, 10% de toda a força de trabalho do setor. Outros 4 mil postos de emprego devem ser fechados até o fim do ano.
Com a paralisação da indústria e as demissões em massa, cresce a pressão sobre as vendas minguadas das montadoras, que já cortaram mais de 11 mil empregos até agosto e, para evitar novos cortes em massa, têm hoje 27 mil funcionários em férias coletivas ou em suspensão temporária do contrato, o chamado "lay off". Luiz Moan, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), diz que, em termos de número de trabalhadores, as montadoras recuaram para 2010, com 134 mil funcionários.
O consumidor, que tem adiado a troca do carro, também decidiu postergar a compra de bens mais acessíveis, como telefone celular e computador, que viram suas vendas caírem 17% e 20%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014.
A indústria de eletrônicos reagiu imediatamente. As demissões, que em 2014 atingiram 15 mil trabalhadores, reduzindo de 310 mil para 295 mil o número de empregados no setor, aceleraram o processo de deterioração neste ano. Em 2015, serão mais de 30 mil demitidos.

Até mesmo setores menos expostos às oscilações do varejo, como a indústria química, têm sentido o peso da paralisação da economia. O segmento conseguiu fechar 2014 com os mesmos 400 mil funcionários com os quais começou, mas neste ano as coisas se complicaram. Entre janeiro e julho, cerca de 6 mil pessoas já foram demitidas.

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